Temos um volume de caprinos significativo no Brasil, com grande quantidade de animais, mas com pouca qualidade e produtividade. No geral, faltam animais melhorados, que apresentem ganho de peso satisfatório, rendimento ao abate e padronização de carcaça.
O Brasil possui um dos maiores rebanhos de caprino do mundo, e considerando-se índices econômicos e agropecuários, é o país com maior potencial de produção da carne de cabrito. Mas vivemos um momento diferente da produção de carne de cordeiro, que já possui seu mercado muito mais sólido e distribuído por diversos países em praticamente todos os continentes, inclusive no Brasil, que já há alguns anos conquistou seu mercado e caiu no gosto do brasileiro.
A caprinocultura tem uma característica muito peculiar, sendo que 90% do
rebanho brasileiro está concentrado na região Nordeste, com rebanhos
compostos por caprinos de raças nativas ou SRD, em criações extensivas
na sua grande maioria, com baixo investimentos e pouca utilização de
tecnologia. Como costumo dizer, a caprinocultura de corte no Brasil é
ainda uma pedra bruta a ser lapidada. Tem um potencial extraordinário,
mas há uma grande lacuna entre ser potencial e se transformar em
potência propriamente dita.
Temos exemplos de vários projetos pelo país que visam trabalhar a produção da carne de cabrito, mas quase que necessariamente a produção em larga escala passa por projetos na região Nordeste. Dificilmente encontramos grandes rebanhos comerciais para produção de carne fora desta região, vemos apenas rebanhos de pequeno a médio, com utilização de raças especializadas, em iniciativas no Rio Grande do Sul, no estado do Paraná - fortemente há alguns anos, e bons projetos que surgiram nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, mas todos eles são suficientes apenas para atender a demanda local.
Possuímos bons criadores de animais para genética, com qualidade, e que fazem um belo
trabalho
com as raças Boer, Savana e Kalahary, específicas para produção de
carne, e ainda algumas linhagens de corte de caprinos Anglonubiano. O
que falta é transferir toda esta genética aos rebanhos comerciais, para
produzir carne de cabrito com qualidade.
O cabrito se apresenta como uma carne saudável, pouca gordura e proteína de alta qualidade. A sua aceitação pelo consumidor é muito boa, uma carne tenra, macia, leve e muito apreciada. Estudos revelam o grande mercado que a carne de cabrito tem para preencher, mas falta estruturar a cadeia produtiva, definir padrões desta carne, quais quesitos o produtor deve buscar, qual carcaça o mercado quer... A carne de cabrito ainda se baseia muito na carne de cordeiro, e não é! O cabrito deve atender o SEU mercado, as expectativas do SEU consumidor.
Hoje, a carcaça do cordeiro está sendo trabalhada com animais cada vez maiores e precoces, buscando cordeiros de 18 Kg até 22 Kg de carcaça. Será que o cabrito deve seguir estes padrões? Será que a carcaça de cabrito ao atingir grandes pesos não perde junto sua qualidade? E os cortes, será que a carne de cabrito permite todos estes cortes que cordeiro produz?
A carne é diferente, a espécie é outra, as características são outras, o cabrito possui menor quantidade de gordura, naturalmente carcaças menores quando falamos em cabrito precoce, animais que possuem menor ganho de peso e menor rendimento da carcaça ao abate. O produtor, o frigorífico e as distribuidoras de carne têm que definir o que produzir, na verdade entender o que o consumidor quer...
Como é este cabrito? Nos grandes centros consumidores do país temos a experiência e o relato de compradores de cabrito que preferem animais menores, que querem realmente o cabrito precoce, carne macia e leve, de coloração mais clara, carcaças de 10 kg a 12 Kg, e com seus cortes básicos: pernil, paleta, lombo, costela... Não dá pra pensar em picanha de cabrito, por exemplo, as características da carne não permitem, ao contrário do cordeiro.
Precisamos definir a carcaça, as características, os cortes e os preços. Enquanto a carne de cabrito for trabalhada seguindo as definições do cordeiro, não conseguiremos trabalhar a cadeia adequadamente. É outro produto, cabrito é cabrito, cordeiro é cordeiro, duas carnes diferentes, sabores e características diferentes, utilizadas em pratos e ocasiões diversas.
Não se deve comparar as duas carnes, e nem mesmo pensar que disputam um mesmo mercado. Particularmente gosto das duas carnes, assim como gosto da carne suína, bovina e de frango, mas cada uma tem seu espaço, seu sistema de produção e preço.
A criação de caprinos e ovinos é diferente, embora sejam feitas de maneira quase igual e na maioria das vezes criadas juntas. Porém, o produtor deve se atentar em algumas características distintas: no hábito alimentar, nas exigências nutricionais, no ganho de peso e na produtividade.
Enquanto o cabrito e o cordeiro forem tratados da mesma maneira no mercado, enquanto buscarem trabalhar o mesmo nicho de consumo, a caprinocultura não vai se desenvolver de maneira forte e sustentável. Em locais onde temos as duas criações concomitantes, as duas carnes sendo compradas do produtor aos mesmos padrões e preços, teremos sempre uma caprinocultura mais fraca. Temos relatos de criadores que confessam tender a criação para a ovinocultura, já que o cordeiro ganha mais peso e rendimento que o cabrito. Se o mercado quiser a carne de cabrito, terá que tratar a caprinocultura de uma maneira específica.
Temos exemplos de vários projetos pelo país que visam trabalhar a produção da carne de cabrito, mas quase que necessariamente a produção em larga escala passa por projetos na região Nordeste. Dificilmente encontramos grandes rebanhos comerciais para produção de carne fora desta região, vemos apenas rebanhos de pequeno a médio, com utilização de raças especializadas, em iniciativas no Rio Grande do Sul, no estado do Paraná - fortemente há alguns anos, e bons projetos que surgiram nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, mas todos eles são suficientes apenas para atender a demanda local.
Possuímos bons criadores de animais para genética, com qualidade, e que fazem um belo
O cabrito se apresenta como uma carne saudável, pouca gordura e proteína de alta qualidade. A sua aceitação pelo consumidor é muito boa, uma carne tenra, macia, leve e muito apreciada. Estudos revelam o grande mercado que a carne de cabrito tem para preencher, mas falta estruturar a cadeia produtiva, definir padrões desta carne, quais quesitos o produtor deve buscar, qual carcaça o mercado quer... A carne de cabrito ainda se baseia muito na carne de cordeiro, e não é! O cabrito deve atender o SEU mercado, as expectativas do SEU consumidor.
Hoje, a carcaça do cordeiro está sendo trabalhada com animais cada vez maiores e precoces, buscando cordeiros de 18 Kg até 22 Kg de carcaça. Será que o cabrito deve seguir estes padrões? Será que a carcaça de cabrito ao atingir grandes pesos não perde junto sua qualidade? E os cortes, será que a carne de cabrito permite todos estes cortes que cordeiro produz?
A carne é diferente, a espécie é outra, as características são outras, o cabrito possui menor quantidade de gordura, naturalmente carcaças menores quando falamos em cabrito precoce, animais que possuem menor ganho de peso e menor rendimento da carcaça ao abate. O produtor, o frigorífico e as distribuidoras de carne têm que definir o que produzir, na verdade entender o que o consumidor quer...
Como é este cabrito? Nos grandes centros consumidores do país temos a experiência e o relato de compradores de cabrito que preferem animais menores, que querem realmente o cabrito precoce, carne macia e leve, de coloração mais clara, carcaças de 10 kg a 12 Kg, e com seus cortes básicos: pernil, paleta, lombo, costela... Não dá pra pensar em picanha de cabrito, por exemplo, as características da carne não permitem, ao contrário do cordeiro.
Precisamos definir a carcaça, as características, os cortes e os preços. Enquanto a carne de cabrito for trabalhada seguindo as definições do cordeiro, não conseguiremos trabalhar a cadeia adequadamente. É outro produto, cabrito é cabrito, cordeiro é cordeiro, duas carnes diferentes, sabores e características diferentes, utilizadas em pratos e ocasiões diversas.
Não se deve comparar as duas carnes, e nem mesmo pensar que disputam um mesmo mercado. Particularmente gosto das duas carnes, assim como gosto da carne suína, bovina e de frango, mas cada uma tem seu espaço, seu sistema de produção e preço.
A criação de caprinos e ovinos é diferente, embora sejam feitas de maneira quase igual e na maioria das vezes criadas juntas. Porém, o produtor deve se atentar em algumas características distintas: no hábito alimentar, nas exigências nutricionais, no ganho de peso e na produtividade.
Enquanto o cabrito e o cordeiro forem tratados da mesma maneira no mercado, enquanto buscarem trabalhar o mesmo nicho de consumo, a caprinocultura não vai se desenvolver de maneira forte e sustentável. Em locais onde temos as duas criações concomitantes, as duas carnes sendo compradas do produtor aos mesmos padrões e preços, teremos sempre uma caprinocultura mais fraca. Temos relatos de criadores que confessam tender a criação para a ovinocultura, já que o cordeiro ganha mais peso e rendimento que o cabrito. Se o mercado quiser a carne de cabrito, terá que tratar a caprinocultura de uma maneira específica.
Por outro lado, falta o criador se organizar, fazer o seu papel,
produzir o cabrito com qualidade. Alguns projetos, principalmente no
sertão nordestino, tem se destacado na produção de carne de cabrito,
tratando a caprinocultura de forma profissional, utilizando-se de
tecnologia e conhecimento para atingir bons resultados e atender ao
mercado consumidor.
Por todo o Nordeste vemos criadores se organizando para atender a demanda crescente da carne de cabrito, tendo na caprinocultura um dos destaques e soluções do agronegócio da região, principalmente quando falamos do sertão, ainda mais em um período de seca como este que a região vive, a cabra e o bode estão lá, gordos na caatinga, expressando sua máxima resistência.
Eu, sendo também um destes criadores, tenho recebido alguns contatos de compradores de cabrito, na sua maioria já distribuidores de carne de cordeiro, com mercado potencial em grandes capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador e Recife. Recebemos contatos de grupos Árabes, Italianos, Ingleses e mais recentemente de Chineses. Mas como atender a estas solicitações estrangeiras, se para encher um container de 12 toneladas precisamos de mil cabritos? E será que 1 container apenas atende a demanda? Com a qualidade e regularidade que necessitam, será que conseguimos 1 container por semana, mês ou ano? O cabrito precisa ocupar o seu espaço!
A caprinocultura está se organizando para isso, trata-se de um trabalho de médio a longo prazo, mas que está sendo feito com a utilização de raças melhoradoras, tecnologia no campo, assessoria aos produtores, difusão de conhecimento, com a produção montando e estruturando uma parte da cadeia de maneira inclusiva, com a participação dos pequenos produtores na fase de cria, que possuem em mãos rebanhos produtivos e resistentes.
Também precisamos da participação de associações e cooperativas para unir forças, de empresários visando a eficiência e lucratividade, do governo para fazer seu papel e dar condições para que a roda gire, dos frigoríficos e distribuidores como reguladores de preço e mercado. O principal nós já temos: os consumidores, que estão apenas aguardando o resultado do nosso trabalho de caprinocultor, de entregar qualidade e quantidade, de maneira organizada, com regularidade de produção.
O agronegócio do Brasil tem em mãos uma atividade que pode se transformar em mais um destaque mundial na produção de proteína, assim como estamos entre os maiores produtores mundiais de carne bovina, de frango e de suíno.
O cordeiro já conquistou um importante espaço, e o cabrito agora está se organizando para também fazer parte deste time!
Rafael Sene.
Por todo o Nordeste vemos criadores se organizando para atender a demanda crescente da carne de cabrito, tendo na caprinocultura um dos destaques e soluções do agronegócio da região, principalmente quando falamos do sertão, ainda mais em um período de seca como este que a região vive, a cabra e o bode estão lá, gordos na caatinga, expressando sua máxima resistência.
Eu, sendo também um destes criadores, tenho recebido alguns contatos de compradores de cabrito, na sua maioria já distribuidores de carne de cordeiro, com mercado potencial em grandes capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador e Recife. Recebemos contatos de grupos Árabes, Italianos, Ingleses e mais recentemente de Chineses. Mas como atender a estas solicitações estrangeiras, se para encher um container de 12 toneladas precisamos de mil cabritos? E será que 1 container apenas atende a demanda? Com a qualidade e regularidade que necessitam, será que conseguimos 1 container por semana, mês ou ano? O cabrito precisa ocupar o seu espaço!
A caprinocultura está se organizando para isso, trata-se de um trabalho de médio a longo prazo, mas que está sendo feito com a utilização de raças melhoradoras, tecnologia no campo, assessoria aos produtores, difusão de conhecimento, com a produção montando e estruturando uma parte da cadeia de maneira inclusiva, com a participação dos pequenos produtores na fase de cria, que possuem em mãos rebanhos produtivos e resistentes.
Também precisamos da participação de associações e cooperativas para unir forças, de empresários visando a eficiência e lucratividade, do governo para fazer seu papel e dar condições para que a roda gire, dos frigoríficos e distribuidores como reguladores de preço e mercado. O principal nós já temos: os consumidores, que estão apenas aguardando o resultado do nosso trabalho de caprinocultor, de entregar qualidade e quantidade, de maneira organizada, com regularidade de produção.
O agronegócio do Brasil tem em mãos uma atividade que pode se transformar em mais um destaque mundial na produção de proteína, assim como estamos entre os maiores produtores mundiais de carne bovina, de frango e de suíno.
O cordeiro já conquistou um importante espaço, e o cabrito agora está se organizando para também fazer parte deste time!
Rafael Sene.
Fonte: Revista Cabra & Ovelha
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