O Gavião-Real que chegou ao Sauim-castanheiras baleado no pescoço. Sua recuperação levou um ano e permitiu que ele fosse devolvido à natureza. Fotos: Marcio Isensee.
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Manaus é hoje a 10ª maior região metropolitana do Brasil com 2.2 milhões de habitantes, segundo o IBGE. O coração da Amazônia, como gosta de ser conhecida, é ao mesmo tempo grande centro econômico e ferida na floresta. Sofre com trânsito caótico, poluição dos igarapés, rios e bacias, especulação imobiliária e crescimento horizontal que adentra a mata. A fauna que habita seu entorno sofre com o atrito da cidade, com a caça e o tráfico ilegal de animais.
Para amenizar esse conflito em que sempre perdem os animais, Manaus mantém dois Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), cuja função e acolher animais resgatados pelos órgãos ambientais ou entregues pela população. Um deles está dentro do Refúgio da Vida Silvestre Sauim-Castanheiras, uma Unidade de Conservação de proteção integral, gerida pelo Município. O outro se encontra dentro da sede do IBAMA na cidade. Com poucos recursos, os veterinários e tratadores desses centros realizam um trabalho formidável de cuidar de ferimentos físicos e traumas, na tentativa de reintroduzir os animais à natureza.
Para amenizar esse conflito em que sempre perdem os animais, Manaus mantém dois Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), cuja função e acolher animais resgatados pelos órgãos ambientais ou entregues pela população. Um deles está dentro do Refúgio da Vida Silvestre Sauim-Castanheiras, uma Unidade de Conservação de proteção integral, gerida pelo Município. O outro se encontra dentro da sede do IBAMA na cidade. Com poucos recursos, os veterinários e tratadores desses centros realizam um trabalho formidável de cuidar de ferimentos físicos e traumas, na tentativa de reintroduzir os animais à natureza.
Sem recursos
Entrada do Refúgio da Vida Silvestre Sauim-Castanheiras,
uma UC de Proteção Integral com 95 hectares que abriga um CETAS.
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“Nossas dificuldades são muitas. A maior talvez seja falta de profissionais disponíveis. Faltam veterinários, biólogos e tratadores em número suficiente”, diz Diogo Cesar Lagroteria, único veterinário do Ibama no estado do Amazonas. Ele é obrigado a dividir seu tempo entre trabalhos administrativos, de fiscalização e de cuidar dos animais do CETAS/Ibama. Diogo sonha com o engajamento e parceria de universidades, instituições de pesquisa e iniciativa privada como uma saída para fortalecer os centros, mas esta não é a realidade. “Com a falta de gente, estrutura e verba, fica difícil desenvolver um trabalho que não seja quase sempre emergencial”, diz.
O outro CETAS de Manaus, o Saium-Castanheiras sofre das mesmas mazelas. A estrutura deste centro é satisfatória, mas também esbarra na falta de pessoal e verbas para manutenção e melhorias. Segundo o veterinário responsável, Laérzio Chiesorin Neto, o Saium-Castanheiras tem 18 funcionários, dos quais apenas 1 veterinário e 3 tratadores. Esse paranaense que escolheu dedicar a vida ao tratamento de animais amazônicos levou a reportagem de ((o))eco para um tour que mostrou parte dos 170 animais “hospedados” neste CETAS. Sob os cuidados da sua equipe, há cobras, araras e macacos, além de um belíssimo Gavião-Real.
Diogo Lagroteria segura um filhote de Macaco Barrigudo. |
Esse tipo de animal é frequente no CETAS, pois são capturados para “estimação” e depois de adultos renegados.
Um dos problemas recentes do Sauim-Castanheira decorre de modificações na legislação ambiental promovidas pela Lei Complementar 140 (Dez/2011). por ela, a competência da gestão da fauna divide atribuições entre união, estado e municípios. Katia Schweickardt, secretária municipal de Meio Ambiente, vê com preocupação a situação do CETAS Sauim-castanheiras: “o município está saindo da gestão da fauna”, disse. “Para cuidar dos animais a gente precisa de recursos. (...) A gente [o município] entrou em entendimento com o governo do estado e vamos apoiar a manutenção do CETAS se o estado assumir itens como alimentação, medicação dos animais e quadro funcional”.
“Sortudos” e “azarados”
Um periquito sem os olhos, arrancados em cativeiro. |
Filhote de Onça-Parda de 6 meses. A reintrodução deste animal na natureza é praticamente impossível. |
Mas a sorte não sorri para todos. O filhote de onça-parda teve sua mãe abatida por caçadores e chegou ao CETAS do Ibama em boas condições de saúde, com aproximadamente 2 meses de idade. Agora com 6 meses, as chances de ser reintroduzido na natureza são mínimas. O felino aprende suas habilidades de caçador com a mãe e o filhote não teve essa chance. Segundo Diogo Lagroteria, uma onça em cativeiro está “ecologicamente morta”. Esta pequena onça-parda está fadada a longa espera por um lugar em um zoológico ou por um criador autorizado.
*Matéria editada em 22/05/2013
Para ler a matéria na íntegra acesse: OECO
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