São Paulo, 01 - O presidente da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), Lino Rodrigues Filho, prevê que neste ano a comercialização de sêmen bovino supere 14 milhões de doses. A estimativa da entidade para 2012, ainda a ser confirmada pelo Ministério da Agricultura nos próximos meses, é de que tenham sido vendidas 13,198 milhões de doses.
'Imaginávamos que o patamar de 13 milhões de doses seria alcançado somente neste ano, mas conseguimos isso no ano passado. Diferentemente dos outros setores da economia, o agronegócio está indo muito bem e é isso que sustentará o bom desempenho do setor de inseminação artificial', afirmou Rodrigues Filho. 'O produtor está pensando mais em investir em tecnologia para melhorar a qualidade de seu produto (carne e leite) e aumentar sua produção', completou.
O estudo 'Índex Asbia 2012', que nesta edição abrangeu 93,5% do mercado, mostrou que as vendas totais de sêmen bovino para inseminação artificial foram de 12,340 milhões de doses, alta de 3,64% ante as 11,906 milhões de doses comercializadas em 2011. 'Por conta de não atingirmos ainda 100% das informações do mercado, projetamos que os dados de 2013 mostrem vendas totais de 13,2 milhões de doses neste ano', explicou o presidente da Asbia.
Segundo Rodrigues Filho, a previsão inicial da Asbia para 2012 era de um crescimento de 6%. 'Sabíamos que sustentar o crescimento de 23% que tivemos em 2011 sobre 2010 era difícil. Mas fatores políticos, climáticos e o aumento dos grãos impactaram o desempenho do ano passado', declarou. O atraso da estação da monta de animais de corte, período predeterminado para o acasalamento entre reprodutores e matrizes - que geralmente ocorre de setembro a janeiro e em 2012 começou em novembro e se estendeu até fevereiro - também prejudicou as vendas de sêmen bovino no ano passado. 'Apesar da desaceleração, crescer 3,64% sobre uma base de 23,55% é consistente', ressaltou.
'Precisamos analisar também o segmento de pecuária de corte e de leite. A arroba do boi gordo têm caído ano a ano e a rentabilidade do pecuarista está um pouco mais comprometida. E o crescimento 'zero' do leite também não ajudou muito na venda das doses. O 'estrago' da soja - que atingiu preços recordes - foi maior do que pensamos', observou o vice-presidente da Asbia e diretor-geral da ABS Pecplan, Márcio Nery. Em faturamento, não houve grande mudanças ante 2011, mas o valor não foi citado pela entidade.
Na análise por Estado, em 2012, Mato Grosso do Sul teve a maior participação das vendas de sêmen bovino no País para a pecuária de corte, com 14,49%, seguido de Mato Grosso (14,42%), São Paulo (10,57%), Pará (8,8%), Goiás (8,62%), Minas Gerais (7,89%), Rio Grande do Sul (7,36%) e Paraná (5,6%). Já nas raças de leite, Minas Gerais lidera o ranking por Estado, com uma fatia de 26,51%, seguido de Rio Grande do Sul (16,41%), Paraná (13,66%), Santa Catarina (10,16%), Goiás (6,70%) e São Paulo (6,37%).
As exportações em 2012 somaram 226,020 mil doses de sêmen, sendo os principais mercados, Canadá, Paraguai e Colômbia.
Potencial
Conforme a Asbia, com base em dados do mercado, no Brasil, apenas 10% das fêmeas em idade reprodutiva são inseminadas. De 2002 a 2012, crescimento da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) foi de mais de 80% no País. 'Isso só vemos em países desenvolvidos e que utilizam alta tecnologia, mas está ocorrendo em nosso território', disse Rodrigues Filho.
De acordo com o especialista, no caso da pecuária de corte, a inseminação é um fator catalisador de mais proteína por hectare e demanda inferior de pastagens. 'Hoje, o País possui 160 a 180 milhões de hectares de pasto. Com um bom manejo, nutrição e a utilização da inseminação, em cinco anos dá para disponibilizar 10 milhões de hectares para a agricultura (previsão Asbia com Scot Consultoria). Já no caso da pecuária de leite, uma matriz inseminada, também com um manejo e alimentação de alta tecnologia, pode produzir quatro vezes mais do que uma matriz 'normal'', destacou. 'Quem não está usando inseminação artificial está perdendo dinheiro', completou Nery.