O Ano do Porco

Nos últimos meses, duas boas notícias esparramaram otimismo pelas granjas de suinocultura do Brasil, principalmente na região oeste de Santa Catarina: a habilitação pelos órgãos de defesa sanitária da China, em 2011, de sete frigoríficos nacionais, que já iniciaram o embarque de carne para o gigante asiático, e, mais recentemente, a abertura do mercado americano.

A China produz 51 milhões de toneladas anuais de carne suína e seu 1,3 bilhão de habitantes consome tudo isso, o que pode obrigar o país a importar 550.000 toneladas ao ano para complementar suas necessidades da proteína. Em 2012, o Brasil deverá embarcar 27,5 mil toneladas do produto para a China, com previsão de alcançar 165.000 toneladas em 2021.

A decisão chinesa estava ainda sendo comemorada quando, passados os festejos da virada do Ano-Novo, os suinocultores novamente colocaram espumante (da Serra Gaúcha) na geladeira. Motivo: a aprovação pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) de seis frigoríficos brasileiros, que agora estão habilitados a vender carne suína ao mercado dos EUA.

"No caso dos EUA, a curto prazo, o aval à carne suína brasileira tem mais valor simbólico que comercial. A China sim pode se tornar uma grande cliente das granjas brasileiras", avisa Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). "Mas a chancela dos EUA pode acelerar a liberação de três grandes mercados para o Brasil - Japão, Coreia e União Europeia (leia entrevista na página 22)."

"Os EUA são uma espécie de shopping do mundo. Eles nos concederam um salvo-conduto que vai facilitar a abertura em outras praças que reconhecem o serviço internacional de inspeção dos americanos", acrescenta Neivor Canton, vice-presidente da Cooperativa Aurora, de Chapecó (SC).

Canton acredita que o Brasil tem competitividade para exportar, por exemplo, bacon, costela e bisteca para os EUA. "Os americanos consomem muito mais bacon do que produzem," diz.

Editora Globo
Pioneiro: Elton Dumont, de 35 anos, terminou 1.200 animais segundo o modelo para exportação

Na tarde carrancuda de 14 de janeiro, uma verdadeira operação de guerra foi montada para transportar 1.200 porcos terminados na granja do produtor Elton Dumont, na cidade catarinense de São Carlos. Os animais foram levados para Chapecó, a 50 quilômetros dali, e abatidos em um frigorífico da Aurora. Todo o lote havia sido engordado segundo exigências da China e a expectativa da cooperativa era embarcar os cortes de carne já neste mês ou no próximo à Ásia.

São Carlos assistiu em silêncio à passagem do comboio de dez caminhões abarrotados. Cada um levava 120 suínos. Os animais, pacientemente acabados por Dumont, formavam o segundo plantel apto para ser abatido e exportado à China. Segundo o suinocultor, os animais passaram 115 dias sendo cevados em baias individuais e delas saíram pesando em média entre 115 e 118 quilos. Na entrada, os leitõezinhos pesavam em média 22,37 quilos.

Dumont informa que não existe diferença de porte nos critérios adotados para produzir o suíno modelo China e os preparados para o mercado interno e outros países. "O foco na sanidade, no manejo e na qualidade da carne é praxe aqui na granja. Os chineses proíbem, no entanto, o uso do aditivo ractopamina, cuja função é fortalecer o músculo dos animais, e nós o abolimos." Além disso, eles exigem que os animais sejam rastreados, tecnologia já colocada em prática pelos cooperados.
 
Confira a reportagem completa na revista Globo Rural.

Fonte: http://revistagloborural.globo.com/


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