Pesquisador do Inpa assume SBPr e alerta para extinção de primatas da Amazônia

O ecólogo Wilson Spironello chama atenção para medidas de proteção ao Sauim-de-coleira, macaco caiarara ou macaco-de-cara-branca e cuxiú-preto. Em 2015, acontecerá em Manaus o XVI Congresso Brasileiro de Primatologia.
 
O ecólogo, Wilson Roberto Spironello, é o novo presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia (SBPr) (Divulgação/Assessoria do Inpa)

 
 

 
A pressão do desmatamento das florestas já ameaça seriamente três espécies de primatas da Amazônia, classificadas como Criticamente em Perigo, segundo a última oficina de avaliação do estado de conservação dos primatas brasileiros do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). São eles: o Saguinus bicolor (sauim-de-coleira), o Cebus kaapori (macaco caiarara ou macaco-de-cara-branca) e o Chiropotes satanas (cuxiú-preto). A informação é do recém-empossado presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia (SBPr), o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), o ecólogo Wilson Roberto Spironello, 59.
 
“Se medidas não forem tomadas, várias espécies tendem a desaparecer. E esse número pode aumentar em médio e longo prazo mesmo em áreas como a Amazônia, em razão dos empreendimentos de infraestrutura em execução como hidroelétricas, redes de energia e repavimentação da BR-319”, alerta Spironello.
 
A cerimônia de posse da nova diretoria da SBPr aconteceu no fim de fevereiro (25), na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Com sede no Rio de Janeiro, a SBPr é uma entidade sem fins lucrativos e atua no desenvolvimento e incentivo ao estudo e preservação dos primatas brasileiros em parceria com órgãos não-governamentais e governamentais, como o Centro de Proteção aos Primatas Brasileiros (CPB) do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) ligado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA).
 
De acordo com Spironello, espécies que habitam florestas de terra firme na Amazônia como o macaco caiarara ou macaco-de-cara-branca e o cuxiú-preto, no extremo leste do bioma Amazônia, entre os estados do Pará e Maranhão, correm sério perigo de extinção juntamente como o sauim-de-coleira, que está distribuído em áreas restritas nos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara, no Amazonas.
 
“Os primatas são os primeiros a sofrerem com o desmatamento pela perda de seu habitat. São espécies importantes na natureza por apresentar funções de dispersores de sementes ou como predadores participando nos processos de dinâmica florestal”, explica o presidente da SBPr, Wilson Spironello.
 
Nova gestão da SBPr
 
Por ser a Amazônia uma região que apresenta a maior diversidade de primatas e pela necessidade de estimular estudos e programas voltados para a conservação e a formação de recursos humanos, foi sugerido pelos membros da entidade um nome da região Norte para presidir a SBPr para o biênio 2014-2015.
 
Além de Wilson Spironello (presidente), fazem parte da nova diretoria a professora da Universidade Federal de Rondônia, Mariluce Messias (vice-presidente); o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Marcelo Gordo, e a doutoranda do Inpa, Cristiane Rangel, ambos tesoureiros; e Fernanda P. Paim e Felipe Ennes como secretários. Os dois últimos são do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
 
A nova gestão da SBPr realizará em Manaus o XVI Congresso Brasileiro de Primatologia, que deverá acontecer em agosto de 2015. Para o novo presidente, entre os desafios a serem superados pela entidade está o de tentar dar mais visibilidade às pesquisas na área de primatas e trabalhar no sentido de envolver a sociedade nas questões de conservação. “O quadro é bastante preocupante, mas nem por isso vamos recuar no desafio de trabalhar em prol do conhecimento e na preservação das espécies”, diz Spironello.
 
O novo presidente da SBPr ressalta que o Brasil possui a mais rica fauna de primatas do planeta em diversidade de espécies. Só no Brasil, são reconhecidas 139 espécies, sendo 111 somente na Amazônia, cujo número deve aumentar com o avanço de análises genéticas e com a intensificação de levantamentos em áreas pouco ou nunca inventariadas. Ele explica que desse total, 36 estão sob ameaças, de acordo com os estudos do ICMBio.
 
Fonte: A Critica